DOURO2020 - O Futuro é agora...
Numa altura que tanto se fala do Douro como destino de excelência, pelos seus vinhos, pela sua paisagem património da humanidade, pelas suas quintas magníficas, pelo clima, mas também pela sua cultura, tradições e costumes, urge pensar o Douro não só como preservação de todas estas valias, dos seus recursos e potencialidades naturais, do passado e do presente, mas também, em termos de futuro. Desafiados por esse desígnio, aceitamos sem hesitar este concurso proposto e lançado pela CCDR-N denominado “NorteSchool”.
Ao imaginarmos uma realidade futura da nossa região, temos que pensar nela como um todo, em movimento, com muitas vertentes inter-relacionadas e que se desenvolva sustentadamente de uma forma equilibrada e uniforme. Nesta perspetiva, e considerando as principais vertentes de desenvolvimento da região do Douro, o vinho, o turismo e a cultura são desde logo, os três pilares estruturantes de maior preponderância a focalizar. Neles se enquadram infra-estruturas fundamentais que interessa pensar e desenvolver para um futuro, como sejam os transportes e as vias de comunicação, os espaços verdes e as energias renováveis, o planeamento urbano e a qualidade de vida das suas gentes.
Assim se constrói o futuro, olhando para o passado e descortinando tudo aquilo que de bom se fez, mas igualmente, percebendo o que correu mal e o que poderia ter sido feito melhor. Nesta linha de introspeção, fomos à procura na nossa região de inúmeros exemplos edificados com qualidade, de projetos naturais bem-sucedidos, de infra-estruturas pensadas para o amanhã, mas não deixamos paralelamente de assinalar outras, com questionável valia e com claro impacto negativo na sua implementação, tendo em conta que com os erros também se aprende. Por outro lado, fomos ver os novos projetos em curso na região e que, pela sua dimensão e impactos previstos, merecem a nossa atenção, procurando encontrar neles esse vislumbrar de futuro que é no fundo, o âmago deste projeto.
Finalmente, centramo-nos naquilo que ainda não existe e que virtualmente, possa ser um dia uma realidade palpável. Foi esse o maior desafio, ver para lá do que os olhos vêm, para lá do existente e imaginar essas realidades virtuais como se o Douro delas precisasse como “do pão para a boca”. Pensando nelas como já existentes e assim vivendo, ainda que de forma virtual, as suas sensações e as experiências de um mundo novo, cheio de progresso, velocidade, eficácia, energia limpa, espaços verdes, estilos de vida saudáveis, sem poluição, sem incompatibilidades entre elas, enfim, o mundo perfeito... Estas arquiteturas e realidades virtuais não são propriamente novidade para os alunos, devido às suas vastas experiências cognitivas dos jogos virtuais dos seus computadores e das suas formações e aprendizagens em design gráfico, no entanto, exige um outro esforço que confira a esses espaços imaginados, uma adequação à nossa realidade física e material. Este esforço confronta-se com aquilo que existe e desafia a mente para lá das nossas pacatas vidas e rotinas, numa experiência única de viver o futuro antecipando-o, daí o titulo “O Futuro é agora”.
Quando pensamos e admitimos que o futuro é imprevisível, rendemo-nos ao desejo compulsivo de querer controlá-lo. Desta forma, gradativamente tentamos encontrar soluções criativas e a projetar realidades virtuais na nossa mente. Se esta conduta permite por um lado, o planeamento mais pensado desse futuro próximo, por outro, é de certa forma transgressivo se este impulso não for bem controlado às próprias limitações naturais, sociais e económicas. Para nós que vivemos há seis mil anos sob as normas do calendário solar, onde o paradigma do tempo é linear, temos alguma dificuldade em conceber a ideia de que o futuro não existe, isto é, que está a ser criado a cada momento. Parece que estamos sempre distantes do futuro, como se não pudéssemos sentir-nos completos porque uma parte de nós não pode estar presente. Quer dizer, enquanto a nossa ideia de futuro implica algo que fantasiamos como uma ideia de nós mesmos ainda não concretizada, outra parte está potencialmente lá, e outra, real e imediata, está aqui. Quando nos projetamos no futuro dividimo-nos em partes e é aí que talvez esteja a causa de nossa ansiedade de querer chegar lá o mais rápido possível, para nos sentirmos realizados e finalmente completos.
Já o mesmo parece não ocorrer em culturas que viveram sob a dinâmica do calendário lunar, como a tibetana. Como os seus paradigmas do tempo foram baseados na consciência cíclica, no tempo circular, o futuro é vivido agora. Para eles o futuro é o agora, pois eles sabem que as causas do futuro estão no presente. Como não projetam o futuro como algo ainda a ser almejado, vivem o hoje como o resultado do ontem e a causa para o amanhã. Neste sentido, o mais importante é estar atento às causas que estão a ser criadas agora, pois elas são o futuro.
Resumindo, o nosso projeto estruturou-se no meio-termo destas duas correntes filosóficas, no constante confronto do passado com o presente e dessa comunhão ou divórcio, pensamos o futuro com a expectativa de um desenvolvimento harmónico e sustentado. Nesta perspectiva, esperamos ter dado um pequeno contributo, uma vez que é do sonho que a obra nasce e é imaginando o futuro que podemos ir construindo o presente, mas também é pensando o passado e o presente que vamos construindo o futuro. Tudo o resto foi arte e design ao serviço da imaginação e criatividade dos alunos.
Prof. Nuno Canelas – Coordenador do projeto e diretor do Curso de TDG
Numa altura que tanto se fala do Douro como destino de excelência, pelos seus vinhos, pela sua paisagem património da humanidade, pelas suas quintas magníficas, pelo clima, mas também pela sua cultura, tradições e costumes, urge pensar o Douro não só como preservação de todas estas valias, dos seus recursos e potencialidades naturais, do passado e do presente, mas também, em termos de futuro. Desafiados por esse desígnio, aceitamos sem hesitar este concurso proposto e lançado pela CCDR-N denominado “NorteSchool”.
Ao imaginarmos uma realidade futura da nossa região, temos que pensar nela como um todo, em movimento, com muitas vertentes inter-relacionadas e que se desenvolva sustentadamente de uma forma equilibrada e uniforme. Nesta perspetiva, e considerando as principais vertentes de desenvolvimento da região do Douro, o vinho, o turismo e a cultura são desde logo, os três pilares estruturantes de maior preponderância a focalizar. Neles se enquadram infra-estruturas fundamentais que interessa pensar e desenvolver para um futuro, como sejam os transportes e as vias de comunicação, os espaços verdes e as energias renováveis, o planeamento urbano e a qualidade de vida das suas gentes.
Assim se constrói o futuro, olhando para o passado e descortinando tudo aquilo que de bom se fez, mas igualmente, percebendo o que correu mal e o que poderia ter sido feito melhor. Nesta linha de introspeção, fomos à procura na nossa região de inúmeros exemplos edificados com qualidade, de projetos naturais bem-sucedidos, de infra-estruturas pensadas para o amanhã, mas não deixamos paralelamente de assinalar outras, com questionável valia e com claro impacto negativo na sua implementação, tendo em conta que com os erros também se aprende. Por outro lado, fomos ver os novos projetos em curso na região e que, pela sua dimensão e impactos previstos, merecem a nossa atenção, procurando encontrar neles esse vislumbrar de futuro que é no fundo, o âmago deste projeto.
Finalmente, centramo-nos naquilo que ainda não existe e que virtualmente, possa ser um dia uma realidade palpável. Foi esse o maior desafio, ver para lá do que os olhos vêm, para lá do existente e imaginar essas realidades virtuais como se o Douro delas precisasse como “do pão para a boca”. Pensando nelas como já existentes e assim vivendo, ainda que de forma virtual, as suas sensações e as experiências de um mundo novo, cheio de progresso, velocidade, eficácia, energia limpa, espaços verdes, estilos de vida saudáveis, sem poluição, sem incompatibilidades entre elas, enfim, o mundo perfeito... Estas arquiteturas e realidades virtuais não são propriamente novidade para os alunos, devido às suas vastas experiências cognitivas dos jogos virtuais dos seus computadores e das suas formações e aprendizagens em design gráfico, no entanto, exige um outro esforço que confira a esses espaços imaginados, uma adequação à nossa realidade física e material. Este esforço confronta-se com aquilo que existe e desafia a mente para lá das nossas pacatas vidas e rotinas, numa experiência única de viver o futuro antecipando-o, daí o titulo “O Futuro é agora”.
Quando pensamos e admitimos que o futuro é imprevisível, rendemo-nos ao desejo compulsivo de querer controlá-lo. Desta forma, gradativamente tentamos encontrar soluções criativas e a projetar realidades virtuais na nossa mente. Se esta conduta permite por um lado, o planeamento mais pensado desse futuro próximo, por outro, é de certa forma transgressivo se este impulso não for bem controlado às próprias limitações naturais, sociais e económicas. Para nós que vivemos há seis mil anos sob as normas do calendário solar, onde o paradigma do tempo é linear, temos alguma dificuldade em conceber a ideia de que o futuro não existe, isto é, que está a ser criado a cada momento. Parece que estamos sempre distantes do futuro, como se não pudéssemos sentir-nos completos porque uma parte de nós não pode estar presente. Quer dizer, enquanto a nossa ideia de futuro implica algo que fantasiamos como uma ideia de nós mesmos ainda não concretizada, outra parte está potencialmente lá, e outra, real e imediata, está aqui. Quando nos projetamos no futuro dividimo-nos em partes e é aí que talvez esteja a causa de nossa ansiedade de querer chegar lá o mais rápido possível, para nos sentirmos realizados e finalmente completos.
Já o mesmo parece não ocorrer em culturas que viveram sob a dinâmica do calendário lunar, como a tibetana. Como os seus paradigmas do tempo foram baseados na consciência cíclica, no tempo circular, o futuro é vivido agora. Para eles o futuro é o agora, pois eles sabem que as causas do futuro estão no presente. Como não projetam o futuro como algo ainda a ser almejado, vivem o hoje como o resultado do ontem e a causa para o amanhã. Neste sentido, o mais importante é estar atento às causas que estão a ser criadas agora, pois elas são o futuro.
Resumindo, o nosso projeto estruturou-se no meio-termo destas duas correntes filosóficas, no constante confronto do passado com o presente e dessa comunhão ou divórcio, pensamos o futuro com a expectativa de um desenvolvimento harmónico e sustentado. Nesta perspectiva, esperamos ter dado um pequeno contributo, uma vez que é do sonho que a obra nasce e é imaginando o futuro que podemos ir construindo o presente, mas também é pensando o passado e o presente que vamos construindo o futuro. Tudo o resto foi arte e design ao serviço da imaginação e criatividade dos alunos.
Prof. Nuno Canelas – Coordenador do projeto e diretor do Curso de TDG